Hoje
dia 1 de Abril, dia conhecido como o dia das mentiras, resolvemos por isso
reflectir um pouco sobre algumas situações, as quais, por vezes, de tão caricatas,
parecem verdadeiras mentiras.
Lembro-me
de nos tempos de Faculdade, nas aulas de Direito Comunitário, me ter sido
apresentada a actual União Europeia, como um conjunto de países, os quais
munidos de interesses comuns, tudo iriam fazer para se entre ajudarem, para que
de forma partilhada e solidária, como se de irmãos se tratasse, darem as mãos
uns aos outros e desta forma todos evoluírem mutuamente.
Pois
é, bela doutrina esta que de forma tão, quase que diria ingénua (sem querer de
forma alguma ofender ninguém), me foi sendo apresentada nas tais aulas da
faculdade. Mas, a bem da verdade, e quando me foi permitido começar a pensar e
projectar para o exterior a minha real opinião, concluo, que se bem que haja
entreajuda, esta só existe, enquanto existe interesse do lado que está a
ajudar. Fomos ajudados é bem verdade, mas sempre em troca de qualquer
contrapartida, o que é de todo normal e totalmente aceitável, mas quando
aqueles que nos ajudaram, deixaram de ter interesse, vemo-nos com a espada no
pescoço a dizer, “vá paga lá o que é nosso, nem que para isso, o teu
desenvolvimento, vá pelo cano abaixo e tu fiques seco até ao tutano”.
Mas
posto isto, cumpre-nos dizer, sem dúvida que se alguém nos emprestou algo, um
empréstimo não é dádiva e por isso tem que ser pago. E se o nosso país deve, é
o devedor tem que pagar, pois o(s) seu(s) credor(es) tem ou têm o direito de
receber.
Então
vejamos, o que está mal aqui? Não é concerteza quem nos concedeu o empréstimo e
agora quer reaver o seu dinheiro. Estes têm toda a legitimidade em prosseguir
com tal exigência. Mal estamos nós, os nossos governantes, o nosso país, que
durante décadas de governação, sempre souberam que o prazo de pagamento estava
a bater à porta e nada fizeram para que quando o dia chegasse, o valor devido
existisse. E continuou-se a viver e a gastar como se não houvesse amanhã e como
se não existisse divida e a divida foi ficando cada vez maior.
Estado
e cidadãos sempre viveram acima das reais possibilidades, sempre a contar com
créditos e mais créditos, mas como é lógico, a fonte um dia seca e a torneira
deixa de pingar e agora que chegou o momento de pagar anda tudo a culpar meio
mundo e aqui bem se aplicará o ditado “em casa onde não há pão, todos ralham e
ninguém tem razão”.
Mas
o que achamos deveras caricato, é que dia após dia vemos revoltas contra o
actual governo. Sem dúvida que também nós não estamos em total acordo com as
medidas por ele tomadas, claro que não podemos estar. Mas porque não se vêem
também grandes revoltas, essas sim apoderadas de total razão de ser, contra os
anteriores governos, esses governos que nos fizeram chegar ao estado em que
hoje nos encontramos? O governo de hoje é ele próprio governado por algo
superior a ele, é governado pela TROIKA, os nossos credores, lembram-se
daqueles que sempre cá foram pondo dinheiro e que hoje legitimamente se querem
ver ressarcidos? Pois é. Pouco pode o actual governo fazer, pois tem que pagar
a dívida deixada pelos desgovernos anteriores. Se algumas medidas podiam ser
outras e até bem diferentes, claro que podiam. Mas não vamos dizer palavras de
ordem absurdas como as que por aí se vão ouvindo de que “o governo devia cair”,
“rua com a TROIKA”. Pois sabem o que tudo isto significaria? Claro que não
sabem, pois se alguma coisa soubessem não ousariam pronunciar tais
barbaridades.
Não
se deixem levar por vozes que se levantam contra este governo, vozes essas que
apenas estão revoltadas pois viram as suas fundações e os seus “empréstimos”
serem cortados. Vozes essas, que muitas por lá passaram e só ajudaram a
estragar. Vozes que não sabem ou não querem saber o que dizem, mas querem sim
iludir um Povo que de tão sacrificado que sempre foi, hoje está
irremediavelmente revoltado e tudo faz desde que imbuído por um espírito de
crença de que alguém lhe prometa que o vai ajudar e que isto vai melhorar.
Mas
acreditem, a TROIKA sair de Portugal era o caos, e a queda do actual governo a
devastação do pouco que resta desta velhinha mas nobre nação de grandes
cidadãos de bons princípios. Moções de censura só demonstram uma oposição
desprovida de qualquer responsabilidade. E embora não se concorde com o que estes fazem,
mais vale que este Governo lá esteja do que ficar sem ele, pois isso sim, seria
o verdadeiro fim da linha. E creiam, que seja quem for que para lá vá, não vai
ter outra solução que ficar à mercê das actuais e mesmíssimas politicas sob
orientação e total comando da TROIKA (os nossos legítimos credores,
lembram-se?).
E
apesar de escrito no dia 1 de Abril, garantimos de firme voz, que isto não é
mentira, mentira é, o que havíamos vivido até hoje, ou se mentira não foi, foi
na realidade, talvez uma ilusão.
R.A.O.
Não poderia estar mais de acordo ;-)
ResponderEliminarSem dúvida
ResponderEliminarSe a Troika sair de Portugal ficamos desgovernados
ResponderEliminarE agora com o chumbo do Tribunal Constitucional, vamos ver no que dá!?
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