Pois
é… e se ontem em dia que o Mundo conheceu o “Novo” Papa publicamos neste blogue
com palavras serenas e quiçá de esperança, hoje no dia seguinte a esse tão
aguardado momento publicamos novamente sim, mas desta vez com palavras de
indignação. Hoje o que nos traz por cá é o inconformismo com aquele tão falado
Rendimento Social de Inserção e a sua entrelaçada relação com um direito
adquirido por todos quantos em tempos foram trabalhadores e hoje se encontram
sem emprego e recebem o malfadado Subsídio de Desemprego.
Sei
que muitos que por aqui vão passar e ler estas palavras provavelmente irão
ficar indignados com o que ora iremos escrever, mas como não somos pessoas de
esconder o que nos vai na alma, vamos dizer aquilo que muitos já pensaram dizer
mas nunca ousaram.
Pois
bem, e sem “papas na língua”. Como poderemos nós aceitar a existência de um
Rendimento Social de Inserção (vulgo RSI), quando todos os dias ao ver os
jornais e telejornais, só vamos ouvindo falar em cortes salariais, cortes nas
pensões, cortes nos subsídios e outros cortes que tais. Pelo que me vai sendo
dado a conhecer a cada dia que passa e da analise que faço desta sociedade que
hoje se encontra totalmente desestruturada, este tal de RSI é, na sua grande
maioria, um rendimento atribuído a quem nunca ou quase nunca teve qualquer
desconto para a segurança social, é uma forma de ajudar quem nunca ou quase
nunca contribuiu para o desenvolvimento social e económico do país. Este RSI é
atribuído sob determinadas condicionantes, mas que são facilmente manietadas,
que é como quem diz, ultrapassadas. Todos os dias nos deparamos com pessoas que
não tendo direito a receber esse mesmo RSI estão a recebê-lo por direito! Pois
é parece contraditório, mas se conseguiram iludir o sistema, aí estão eles
felizes e contentes a dizerem na nossa cara que recebem o famoso do RSI, e nós,
tais otários bons samaritanos, que tão bem sabemos que esses tais não o
deveriam receber, mas que na maioria das vezes não temos como o demonstrar,
continuamos a nossa vida a saber que esses tais com medonha atitude nos estão a
delapidar.
Pois
bem, mas ainda que o sistema não seja iludido e que de uma forma ou de outra os
subsidio dependentes o sejam por direito próprio, parece-me de tal forma
inconcebível, que alguém beneficiário do RSI simplesmente tenha que ficar em
casa ou a passear seja no mar ou no campo, para que este generoso rendimento
lhe vá parar à sua conta bancária sem que qualquer esforço esse individuo tenha
que realizar, enquanto que por outro lado vemos, aquele que trabalhou, e que,
por direito próprio e mais do que adquirido pelos impostos que dia a dia lhe
foram sendo retidos na fonte enquanto trabalhador, e que de um momento para o
outro, sem qualquer tipo de responsabilidade ou vontade, mas por força da crise
e desta conjuntura que o país e o mundo vivem, este trabalhador se vê
desempregado, é-lhe atribuído um miserável, sim miserável, Subsídio de
Desemprego, e de um momento para o outro, este que sempre contribuiu para o
crescimento e desenvolvimento socioeconómico do seu país vê-se a ser tratado
como que de um criminoso se tratasse. Sim, digo criminoso de consciência, pois
passa a ter obrigatoriedade de apresentações periódicas no local que o centro
de emprego lhe indicar, estas apresentações são de tal forma comparáveis às
apresentações periódicas de um condenado a apresentar-se na força policial da
sua zona, que conseguem ser piores e ultrapassar a medida mais baixa que se
aplica a um arguido, o tão conhecido TIR (termo de identidade e residência), em
que o arguido não fica de forma alguma limitado nos seus movimentos, mas apenas
sabe que qualquer notificação irá ter à morada que consta do TIR e por isso
deverá estar sempre atento à caixa de correio. Já as apresentações periódicas
não, estas privam o individuo de ser livre, não se pode ausentar mais de 15
dias do local de apresentação, sob pena de lhe ser cortado o seu direito
adquirido, sim, porque independentemente de todas as acções de quem ficou involuntariamente
desempregado, o Subsidio de Desemprego é seu por direito, este cidadão fez
descontos, para agora poder usar este que deveria ser um “fundo de reserva” num
momento em que se vê com mais dificuldades, mas o que encontra na realidade,
desta sua mui difícil passagem pelo desemprego, é um Subsídio miserável, e vê a
sua liberdade de tal forma condicionada que até para se ausentar do país, tem
que solicitar autorização, e esta a ser-lhe concedida, seria sob fortes
reservas, tal criminoso! E aqui, será que não vemos violados direitos
constitucionais?
Que
país é este, que trata os seus trabalhadores desta forma tão desumana. É do
conhecimento geral que qualquer um que passe por uma fase de desemprego, já se
sente mal o suficiente, já se considera um fracassado, para ainda agora vir o
seu Estado, aquele que deveria zelar pelos seus cidadãos, tratá-lo como se
tivesse cometido um crime, e vê-se a braços com uma medida pouco humana,
humilhante, a qual o fará sentir-se a cada dia e a cada apresentação um ser
cada vez mais rastejante. Onde fica a dignidade da pessoa humana?
Para
não falar que é vergonhoso o patamar, que foi estipulado como limite máximo de
Subsídio de Desemprego. Então se o cidadão fez descontos de um salário elevado,
esses descontos não permanecem lá, agora que este cidadão se encontra no
desemprego? Porque o obrigaram então a fazer descontos tão elevados, e não
criaram também um patamar máximo de descontos, já que descontes mais ou menos o
limite máximo é aquele e por isso é inultrapassável. Pior…afinal nem ninguém
nunca recebe o valor máximo de Subsidio de Desemprego, pois este apenas figura
como forma especulativa, pois se repararem nos cálculos da Segurança Social,
ainda que tenha que receber o valor máximo do subsídio de desemprego, a este é
sempre descontado os malogrados 6%.
Não
queremos com isto dizer que somos contra o RSI. Este poderia ser sim atribuído,
mas com condicionantes muito, mas muito maiores. Ou seja, alguém que trabalhou
uma vida inteira, que fica desempregado, torna-se desempregado de longa
duração, já esgotou o prazo de todo do Subsidio de Desemprego a que tinha
direito, já não tem mais nada para receber e por se encontrar numa idade, a
qual é considerado velho para trabalhar, mas novo demais para a reforma, então
aí sim, seja-lhe atribuído o RSI, pois não se encontra voluntariamente numa
situação de nada fazer. Nunca mas nunca, poderemos ser a favor de que se
atribua qualquer tipo de subsídio a quem não tenha um único desconto feito para
a segurança social.
Independentemente
do Estado Social (que está péssimo, caótico mesmo), não podemos aceitar que um
“calão” por opção receba o RSI ou o que lhe queiram chamar, quando vemos
reformados, os dignos Velhos do nosso país, que se “mataram” a trabalhar uma
vida inteira, a receber reformas miseráveis, a morrerem à fome sem as condições
mínimas que deveriam ser-lhes concedidas, ou a ver um desempregado involuntário
a ser-lhe atribuído um miserável Subsidio de Desemprego em nada equiparável ao
que lhe deveria ser atribuído e tendo ainda como agravante o facto de ser
tratado pior que um criminoso ou um presumível criminoso. Que estado social é
este que vira tudo de pernas para o ar? Que cidadãos somos nós que permite
estas injustiças? Vamos também nós fazer o trabalho social e não permitir que
estas injustiças continuem.
Como
quer o Estado ver os seus cidadãos viver com dignidade, se este mesmo Estado os
afunda deliberadamente, retirando-lhes os direitos que estes com dignidade
adquiriram e fazendo com que desta forma estes se vejam em posição de não
poderem pagar as contas que até então o seu orçamento bem conseguia suportar?
Os cidadãos não podem ser responsáveis por erros cometidos apenas por alguns. A
imunidade politica apenas existe enquanto se ocupam os cargos políticos, ou
estende-se para além disso? Mas por aqui já estamos a divagar e a fugir
largamente ao tema, por isso a esta questão voltaremos com tempo…
Porquanto,
e em jeito de conclusão, repensem que tipo de sociedade querem ver emergir, se
preferem ter como triunfo a seriedade do trabalhador que agora se vê tristemente
a ter que viver com o Subsídio de Desemprego, ou se preferem o triunfo do
malandro que irá continuar sentado à espera que os sinos toquem e o RSI caia do
Céu. E muito mais haveria para dizer, mas o texto já vai longo…AQUI VOLTAREMOS!
R.A.O.
Já há algum tempo que acompanho o blog, mas hoje lá ganhei "coragem" para comentar. Quero dar-lhes os meus parabéns. Dizem o que a maioria de nós pensa e não conseguimos dizer. Mais uma vez parabéns.
ResponderEliminarQuem não fica indignado, anda quem trabalha a sustentar esses do RSI que não querem fazer nenhum, e o trabalhador sempre a desembolsar e cada vez mais.
ResponderEliminar